É fato que a pandemia acelerou muito o desenvolvimento tecnológico e trouxe grandes impactos para as organizações. Segundo a Gartner, empresa de consultoria, as entrevistas por ferramentas de vídeo aumentaram 86% durante o período pandêmico. Com isso, também cresceu o número de companhias que passaram a investir em inteligência artificial (IA) em seus processos. Isso inclui, até mesmo, o recrutamento. Já é comum ver que boa parte das empresas tem usado a tecnologia durante as etapas de análise e seleção de currículos, mas a novidade é que outras estão avançando para o próximo nível: a entrevista.
O processo tem funcionado da seguinte forma: ao entrar na ferramenta de vídeo, o candidato assiste a uma gravação de um funcionário explicando sobre a empresa, o cargo e outros detalhes. Depois, o candidato recebe perguntas com tempo limite para ler e responder, diretamente à IA.
Se por um lado o processo pode ajudar as empresas a acelerar a contratação e aumentar a assertividade na escolha do candidato, por outro não tem sido bem recebido por aqueles que são entrevistados por robôs. Dentre as reclamações, estão o desconforto com a falta de uma demonstração imediata da performance e a incerteza se haverá um humano para analisar as situações mais complexas (casos de afastamento do mercado de trabalho por gestação, por exemplo).
Um exemplo disso é a Amazon, que há alguns anos teve que abandonar a IA utilizada para a seleção dos melhores currículos depois de perceber que os homens estavam sendo priorizados. Isso aconteceu porque a ferramenta estava programada para considerar os currículos dos funcionários contratados nos 10 anos anteriores como gabarito. Sendo uma indústria dominada pelo público masculino, a IA entendeu que mulheres não eram boas opções.