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A gestão de pessoas nos escritórios de advocacia

Artigo Opinião Rosine Hasson

Por

5 de julho de 2022

Rosine Hasson Marques | Sócia Administradora do Hasson Advogados


As opiniões expressas nos artigos assinados não refletem, necessariamente, a opinião da Agência Javali.    


A gestão de pessoas num escritório de advocacia, não é tarefa simples. Pelo contrário, trata-se de uma parte muito complexa da gestão do escritório, principalmente quando entendemos que o escritório é uma “ficção” já que nada mais é do que as pessoas que dele fazem parte.

Deve ficar claro que advogados não vendem um produto, mas vendem um serviço e esse serviço depende de pessoas para sua execução. “Ah, mas hoje os robôs já fazem as petições, os contratos…”. Os robôs fazem muitas coisas, mas não fazem o atendimento do cliente com empatia, não fazem audiências, não fazem mediação e negociação, e principalmente não adquirem conhecimento sem que uma pessoa os alimente com essa “inteligência”.

As organizações são criadas por pessoas que trabalham para pessoas entregando para pessoas. Devemos perceber que além do papel de desenvolvimento de atividades jurídicas para o público externo, o escritório precisa cuidar diariamente do seu público interno! O desenvolvimento de pessoas e a busca pela excelência são papéis fundamentais de qualquer organização, inclusive dos escritórios de advocacia.

Precisamos perceber ainda que o escritório é formado por diversos grupos de pessoas e não só por advogados. A equipe de backoffice e os estagiários também devem ser contemplados na estrutura da gestão de pessoas. A gestão de pessoas deve se preocupar em colocar as pessoas certas nos lugares certos, para que possam desenvolver as habilidades necessárias para a execução das atividades em máxima performance.

Percebam que estamos tratando em desenvolvimento de habilidades e não em utilizar a “força de trabalho”. Isso porque, quanto mais desenvolvidas as habilidades e competências dos profissionais, mais sucesso terá o escritório, uma vez que o escritório é o que é, pelas pessoas que o fazem ser.

Quando, equivocadamente, o gestor pretende “utilizar a força de trabalho” das pessoas da sua equipe, sem perceber ele deixa de desenvolver competências que podem ser primordiais para o desempenho do escritório e acaba por esgotar recursos como a paciência, a inteligência emocional, a disposição, entre outros.

É necessário que o escritório crie um ambiente propício ao desenvolvimento das pessoas, criando sinergia entre os interesses pessoais e os interesses organizacionais. Significa dizer que dificilmente uma pessoa dará o seu melhor sem perceber que aquilo lhe trará benefícios, ao mesmo tempo que a empresa só pode trazer esses benefícios àqueles que estão dispostos a dar o seu melhor.

Passou o tempo do estagiário “faz tudo”, do advogado sem vida própria, do backoffice apenas de funções repetitivas. Os robôs ficam com isso! Com a parte repetitiva, artificial, que não demanda conhecimento ou aprendizagem. Já a equipe fica com o que faz o olho brilhar, com a possibilidade de aprender com advogados experientes, com a possibilidade de desenvolver teses pioneiras, com o atendimento ao cliente de forma empática e satisfatória.

Precisamos entender a necessidade da gestão de pessoas desde o planejamento estratégico do escritório, há necessidade de uma gestão colaborativa, participativa, onde todos os stakeholders sejam considerados.

Os escritórios devem ter consciência da importância do cuidado com as pessoas da sua estrutura, devem entender e primar pelos regimentos internos, códigos de ética e conduta, comitês de compliance com canais de denúncia reais buscando amparar e proteger seu ativo mais valioso, as pessoas.

Em resumo, implementar a gestão de pessoas de forma estratégica significa que os profissionais especializados em gestão de pessoas precisam manter-se focados nas atividades voltadas para o acompanhamento e desenvolvimento das pessoas, retenção e reposição de talentos, atendimento de demandas sociais, motivação, comprometimento e engajamento, planejamento de pessoal e de crescimento profissional.

De tudo o que tratamos até o momento, deve restar claro que a gestão de pessoas depende totalmente da liderança do escritório, uma vez que nos escritórios de advocacia, muitas das vezes, os gestores são os advogados, sócios ou coordenadores e se eles não entenderem o conceito da gestão de pessoas e seu papel nesse desenvolvimento, todo o planejamento será em vão!

A liderança precisa abrir espaço para o novo, para a aprendizagem, para momentos reflexivos, para grupos de estudos, para momentos de relaxamento em equipe e entender que a satisfação pessoal reflete diretamente no desenvolvimento das atividades profissionais. Os liderados precisam perceber que podem contar com seus líderes, não somente para feedbacks, mas para levá-los além, para um dia poderem ser os líderes.

Rosine Hasson Marques | Sócia Administradora do Hasson Advogados

Advogada, Sócia Administradora do escritório Hasson Advogados, Mestre em Direitos Humanos e Democracia pela UFPR, Especialista em Gestão e Business Law pela FGV, Doutoranda em Estratégia pela PUC-PR.

 

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