Ao longo de sua existência, o mundo jurídico passou por inúmeras modificações. Parte considerável dessas mudanças – se não todas – foram feitas para acompanhar a evolução da sociedade. Nesse sentido, o Visual Law surgiu porque a comunicação visual tem sido fundamental aos escritórios de advocacia e departamentos jurídicos.
O conceito de Visual Law se popularizou dentro da advocacia nos últimos anos pela utilização de elementos visuais. A ferramenta foi recomendada até pelo Conselho Nacional de Justiça (CNJ), na resolução 347/2020, para tornar documentos e dados mais claros e acessíveis.
Ainda que costumeiramente seja confundido com Legal Design, o Visual Law é uma metodologia complementar à comunicação dos escritórios, e pode ser tido como uma subárea dentro do Legal Design. O recurso concretiza a comunicação das bancas através de imagens e processos que facilitam o entendimento das mensagens propostas pelas firmas.
Segundo estudos divulgados pela Thermopylae Sciences + Technology, o cérebro humano processa imagens 60 mil vezes mais rápido do que textos. Estudos também revelam que 80% das pessoas lembram do que viram, enquanto apenas 20% lembram do que leram. Dentro do universo jurídico não poderia ser diferente, logo Visual Law ganhou notoriedade.
O destaque do Visual Law
A linguagem jurídica tem ganhado novos contornos na última década. A comunicação prolixa e complexa, conhecida como “juridiquês”, tem perdido forças na advocacia e dado espaço a uma comunicação mais fluida e objetiva. A linguagem simples tem conquistado cada vez mais espaço nesse universo.
Escritórios de advocacia tem investido cada vez mais em ferramentas e estratégias para otimização do tempo, através de recursos como o Visual Law. Segundo levantamento realizado pela Editora Análise, 34% dos escritórios que responderam a pesquisa sobre novas tecnologias em 2021 apontaram Visual Law como umas das principais opções quando se trata de métodos inovadores.
Em contrapartida, o uso demasiado da técnica pode causar ruídos com magistrados e perder parte de sua eficiência, ainda que a maioria dos magistrados afirmam ser receptivos à adoção de elementos visuais em petições, contanto que não haja excesso, segundo a pesquisa “Elementos visuais em petições na visão da magistratura federal”.
Onde utilizar o Visual Law e quais são os principais recursos:
Não há uma regra que estipule quais peças devem ou não conter Visual Law. Porém, a maioria das utilizações dessas estratégias está concentrada em:
- Petições;
- Memoriais;
- Contratos;
- Defesas;
- Contestações;
- Ações
Sobre os principais recursos estão:
- Fluxogramas: são facilitadores utilizados, na maioria das vezes, através de representações gráficas para descrever o passo a passo da natureza e do fluxo do processo de maneira objetiva e fluida;
- Ícones e/ou pictogramas: são ilustrações e gráficos de ícones utilizados para tornar a comunicação ainda mais célere e assertiva. As imagens representam informações de forma simplificada;
- Tabelas: têm por objetivo a organização de dados para facilitar o entendimento sobre o assunto abordado;
- QR Code: com o surgimento de novas tecnologias, os QR Codes logo ganharam espaço dentro do Visual Law pela sua capacidade de transportar o leitor às páginas mais completas, com informações integrais;
- Gráficos: semelhante às tabelas, gráficos têm a natureza de apresentar dados/números de maneira organizada para facilitar o entendimento;
- Imagens ou fotos: muitas vezes utilizadas em apresentações de Visual Law, imagens e fotos ilustram a narrativa do comunicador.
Por onde começar a implementação?
Todo projeto se inicia pelo texto. Logo, é imprescindível ter uma equipe de comunicação interna ou contratar parceiros (agência de comunicação, estúdios de criação, entre outros).
A vantagem em se ter profissionais internos, para essa demanda, está baseada na agilidade. Por outro lado, a dificuldade em encontrar profissionais especializados pode ser um impeditivo no início. Já sobre a contratação de serviços externos, a principal vantagem é a expertise. Em contrapartida, o escritório precisará se adequar ao fluxo da agência e/ou estúdio em questão.
Independentemente da opção pela qual o escritório escolher para iniciar a implementação de Visual Law, é importante entender que esse projeto precisa ter envolvimento direto dos advogados. Visual Law é design de informação, e essa informação vem dos profissionais da firma.