Um estudo promovido pela Bossa.etc, empresa de educação corporativa do grupo BMI, identificou que, para 57,2% dos entrevistados, o uso de linguagem neutra não é necessário para uma comunicação mais inclusiva.
Importante entender que linguagem neutra e linguagem inclusiva, apesar de buscarem a inclusão de todos os grupos da sociedade na comunicação, utilizam técnicas bastante diferentes. Enquanto na linguagem inclusiva não há alteração do idioma (“bom dia a todas e todos”, por exemplo), a linguagem neutra propõe alterar o idioma para incluir novas grafias (“bom dia a todes”, por exemplo).
Dessa forma, embora 80% dos entrevistados concordem sobre a importância da linguagem inclusiva, apenas 48,5% acreditam que há espaço para a linguagem neutra no mundo corporativo.
Para Alessandra Lotufo, diretora de comunicação e inovação da BMI, isso acontece porque a alteração da grafia começa com uma mudança de hábito e a aderência massiva da sociedade, algo que ainda não aconteceu no Brasil. “Usar o pronome neutro significa mudar a linguagem, mas ela ainda não mudou nas ruas, a empresa estaria chancelando uma mudança que a sociedade ainda não aderiu como um todo. Não é uma decisão top-down”, reflete.
Apesar disso, 53,6% dos entrevistados acreditam que a linguagem neutra poderia ser adotada caso haja um desejo da companhia de incluir todos os colaboradores. Contribuir para um maior respeito e proximidade entre os profissionais (45,9%) e a pressão das equipes (19,6%) fecham o top 3 de motivos para uma empresa adotar a linguagem neutra, segundo os entrevistados.
Representando a divisão da sociedade neste tema, a pesquisa ainda descobriu que 36% dos entrevistados acreditam que esse é um assunto mais pessoal, que deve ser tratado com família e amigos, outros 30,5% pensam que as empresas devem, sim, ter um papel ativo nessa mudança.