Em 2011, o então conselheiro geral do Google, Kent Walker, afirmou ao Financial Times que a principal parte do seu trabalho era “ver além da esquina”. Essa visão, que não era compartilhada por muitos profissionais na época, foi ganhando força nos últimos anos.

Hoje, é mais comum os CEOs esperarem que seus conselheiros gerais possuam conhecimentos em áreas como geopolítica, mudanças climáticas, desigualdade social, revolução tecnológica e envelhecimento populacional, para ajudar a empresa a se preparar para as várias mudanças da sociedade e a se adequar rapidamente.

Contudo, como todas essas áreas geram questões jurídicas, os diretores jurídicos estão sendo chamados para participar das discussões. A premissa é de que não só esses profissionais saberão prever para onde o mundo caminha, mas também serão capazes de antecipar possíveis implicações jurídicas para a empresa – e impedi-las antes que seja tarde demais.

Essa é a opinião de especialistas como Mark Gregory, conselheiro geral e diretor de assuntos corporativos da Rolls Royce. “Com os principais riscos das empresas agora sob a alçada da função jurídica – como sanções comerciais; melhores práticas ambientais, sociais e de governança; segurança cibernética e privacidade de dados, para citar apenas alguns -, os diretores jurídicos são cada vez mais chamados para serem o ‘explorador-chefe de horizonte’”, pondera.

Segundo a firma de recrutamento de executivos, Hedley May, “há uma diferença entre sabedoria e julgamento. Sabedoria diz respeito a dominar a experiência passada; julgamento é sobre olhar para frente e tomar decisões”. Dessa forma, sabendo que os diretores jurídicos já possuem a prática de olhar para os precedentes, são esses os profissionais mais capacitados para planejar cenários e conduzir simulações.

Apesar disso, a fundadora e diretora executiva do fórum Global Counsel Leaders, Leigh Dance, admite que não se pode esperar tais habilidades dos treinamentos tradicionais do Direito. “[Os profissionais do Direito] precisam de treinamento para ampliar seu conhecimento e melhorar suas habilidades de comunicação”, afirma.