Durante o mês de novembro, a OpenAI, empresa criadora do ChatGPT, viveu uma crise que chegou a derrubar as ações da Microsoft e iniciou um debate sobre a ‘Economia da Reputação’.
Tudo começou quando o conselho da OpenAI, formado por quatro pessoas, decidiu demitir o CEO da empresa, Sam Altman, sob a alegação de que ele não teria sido “franco em suas comunicações”. A decisão do board, contudo, foi altamente rejeitada pelo mercado e desencadeou uma série de situações, das quais as mais importantes foram:
- A Microsoft, principal investidora da OpenAI, alegou que não foi avisada da demissão. Como protesto, contratou Sam Altman e o ofereceu um papel de liderança sobre seu ex-empregador;
- O presidente, Greg Brockman, optou por deixar imediatamente o seu cargo na OpenAI e também migrou para a Microsoft;
- 743 colaboradores, representando 96% da força de trabalho total da OpenAI, divulgaram uma carta ameaçando seguir os seus dirigentes a menos que o conselho reintegrasse Altman e renunciasse;
- A OpenAI perdeu dois fundos de investimentos que somariam um valuation de US$ 86 bilhões.
Depois de todas essas reações, após apenas cinco dias, Sam Altman foi readmitido como CEO da OpenAI e três dos quatro conselheiros responsáveis pela demissão foram dispensados.
A Economia da Reputação e o gerenciamento de crise
Embora a decisão de Altman tenha sido o ponto inicial de todo o problema, ela está longe de ser o único erro que o conselho da empresa cometeu em toda essa situação.
A Economia da Reputação é um termo que descreve como a opinião do público tem o poder de influenciar o valor de uma empresa. Neste cenário, tanto a empresa quanto os indivíduos que a representam precisam zelar pela imagem que transmitem para o público para que suas ações não afetem o sucesso e a sustentabilidade do negócio.
No contexto de alguns negócios mais sensíveis, como o mercado jurídico, a reputação é uma moeda ainda mais valiosa, pois o cliente está confiando naquele profissional para resolver uma situação que, frequentemente, é desafiadora.
Ao observar alguns dos erros da OpenAI é possível fazer uma correlação com o mercado jurídico e atentar às questões que têm grande impacto na gestão de crises. Nesse sentido, algumas boas práticas são:
- Zele pela credibilidade das pessoas que representam a sua marca
- Alinhe a sua mensagem com todos os stakeholders
- Lembre-se que os funcionários são sempre os principais promotores e detratores da marca
- Em momento de crise, reaja rapidamente
- Sempre considere a imagem da organização antes de qualquer decisão
O episódio envolvendo a OpenAI e a subsequente crise que se desencadeou oferece ensinamentos valiosas sobre a Economia da Reputação, destacando a importância de preservar a confiança do público externo e interno para o crescimento e a manutenção do negócio.
No mercado jurídico, no qual a reputação é peça chave do serviço oferecido, a lição que pode ser aprendida é que, na Economia da Reputação, a credibilidade de figuras-chave, como CEOs e sócios, é inextricavelmente ligada à reputação da organização. Por isso, é imperativo que a reputação dos profissionais seja cuidada e protegida para que o prestígio se reflita na imagem do escritório.