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O que você precisa saber sobre ChatGPT

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28 de fevereiro de 2023

Recentemente, o ChatGPT tem gerado grande repercussão nas redes sociais em todo o mundo. O software foi desenvolvido para que, por meio de Inteligência Artificial (IA), possa reconhecer padrões da comunicação humana e gerar respostas coerentes a partir de comandos fornecidos pelos usuários.

Como funciona o ChatGPT

A primeira versão do ChatGPT (GPT-1) foi criada em 2018 pela OpenAI, empresa estadunidense de pesquisa em inteligência artificial fundada por um grupo de figuras já bastante conhecidas no campo da tecnologia: Elon Musk, Sam Altman, Greg Brockman e Ilya Sutskever.

A sigla GPT significa “Generative Pre-trained Transformer“, que pode ser traduzida como “Transformador Pré-Treinado Generativo”. Trata-se de uma arquitetura de rede neural desenvolvida pela OpenAI para tarefas de processamento de linguagem natural, como geração de texto, tradução de idiomas e análise de sentimentos. Desde o seu lançamento, a empresa tem continuado a desenvolver essa ferramenta, e atualmente existem duas versões mais avançadas, o GPT-2 e o GPT-3, este último lançado em 2020.

O ChatGPT como é conhecido hoje é um produto construído com base na versão lançada em 2020, e funciona com a técnica de machine learning, ou seja, aprendizado de máquina. O modelo de linguagem é treinado com grandes conjuntos de dados de texto para aprender a reconhecer padrões e estruturas da linguagem humana, incluindo as relações entre as palavras e a gramática utilizada para construir frases e parágrafos inteiros.

Uma vez que tenha sido treinado, o ChatGPT utiliza seus conhecimentos para gerar respostas adequadas às solicitações dos usuários. O software é capaz de lidar com uma ampla diversidade de textos, incluindo perguntas, comandos e conversas.

Funcionalidades e benefícios

Além de ser um software que nunca para de funcionar , já que não é limitado por fatores humanos, como o cansaço, o programa funciona sem interrupções, desde que a infraestrutura que o suporta esteja funcionando corretamente, o que torna o ChatGPT ideal para prestar atendimento ao cliente nas mais diversas plataformas.

O mecanismo conta, ainda, com aprendizado contínuo, que permite uma melhora constante no reconhecimento de comandos e respostas mais precisas. Entretanto, apesar de oferecer respostas rápidas sobre produtos e serviços, graças à possibilidade de personalização, o ChatGPT requer alguns cuidados específicos, pois também tem limitações.

Limitações e cuidados a serem tomados

O ChatGPT precisa ser previamente treinado para responder com precisão aos comandos recebidos, o que viabiliza possíveis vieses políticos, por exemplo, e pode prejudicar a imparcialidade em suas respostas. Além disso, o ChatGPT também apresenta algum grau de dificuldade na interpretação dos comandos e na geração de textos sobre assuntos complexos ou muito longos, e ainda não tem capacidade para entender ou gerar respostas em todos os idiomas. O software ainda não está completamente livre de erros e imprecisões, o que se agrava em situações em que lida com informações complexas ou mal formuladas.

Todavia, essas limitações não são exclusivas do ChatGPT. O Bard, inteligência artificial que vem sendo desenvolvida pelo Google, também demonstrou algumas dificuldades já em seu evento de apresentação, que aconteceu um dia após a Microsoft anunciar que trabalha em um possível concorrente para o ChatGPT.

A “guerra fria” entre Google e Microsoft, contudo, não para por aí: a Microsoft, que já investiu mais de 10 bilhões na OpenAI, mostrou seu mecanismo de busca integrado com algumas funcionalidades do ChatGPT, enquanto o evento do Google, que aconteceu via streaming diretamente de Paris em oito de fevereiro de 2023, contou apenas com uma exibição de slides com exemplos de uso do Bard, decepcionando os espectadores que esperavam saber mais sobre a sua capacidade.

Segundo a CBN, alguns funcionários do Google nem sabiam do lançamento da ferramenta. Mensagens internas entre os colaboradores da multinacional americana descrevem o lançamento da nova funcionalidade como “apressado, malfeito e errado”. A suposta pressa teve como resposta no mundo financeiro uma baixa superior a 9% nas ações do Google.

Além das inteligências artificiais que geram textos, a OpenAI também já investe na DALL-E, a inteligência artificial que, através de comandos de texto, é capaz de gerar praticamente qualquer imagem. Esta ferramenta pode ser treinada para criar imagens de acordo com um estilo de pintura ou como se tivesse sido pintada por um artista em específico.

A previsão a partir de agora é que mais ferramentas de uso diário se adaptem à inteligência artificial. Em conjunto com a realidade aumentada, sites, ferramentas e aplicativos já utilizados diariamente podem ganhar novas funcionalidades.

A tecnologia na área do Direito

A tecnologia sempre em constante evolução levou muitos advogados e advogadas a atuarem na área do Direito Digital, principalmente após a Lei nº 12.965/2014, que demarca limites e responsabilidades no ambiente digital e ficou conhecida como Marco Civil da Internet.

Mas a tecnologia não é benéfica apenas para os profissionais que atuam com Direito Digital. Em outras áreas, o avanço tecnológico vem ganhando muito espaço.

Prova disso é que a evolução da tecnologia permite muito mais do que assinaturas digitais em contratos atualmente. Durante a pandemia de Covid-19, por exemplo, os escritórios tiveram que se adaptar às reuniões virtuais, audiências a distância e muito mais, o que só foi possível graças à evolução da tecnologia.

Embora seja pouco provável que, pelo menos em um futuro próximo, os robôs substituirão os humanos, o ChatGPT traz novidades que podem beneficiar os escritórios de advocacia empresarial, prestando atendimento ao cliente, buscando dados relevantes e realizando a revisão de documentos, por exemplo.

Por outro lado, Silvia Piva, COO e sócia do GHBP Advogados e fundadora da Nau D’Des, observa que é preciso ter senso crítico ao deixar-se envolver pela tecnologia.

“Será que o pensamento crítico da época em que a gente lia uma revista Veja ou assistia ao Jornal Nacional é o mesmo pensamento crítico que a gente precisa ter hoje quando recebemos uma informação via WhatsApp, ou quando a gente lê uma notícia em qualquer blog? Nesse sentido, esse pensamento crítico, agora diante de uma era de inteligência artificial, onde viralizou o ChatGPT, será que tudo o que está escrito ali é verdade?”, questiona Piva em entrevista ao Juridcast, podcast da Agência Javali.

De acordo com Piva, se for para responder algo simplesmente sem pensar, nós vamos dizer que não precisamos de advogado, porque hoje o ChatGPT3 pode responder várias perguntas, inclusive sobre entendimento do Supremo.

“Eu testei. Com uma melhoria aqui, eu respondo melhor? Eu respondo. Mas para que o advogado serve? Para o que ele sempre serviu? É para servir o próprio Direito, à burocracia? Porque é muito isso que temos feito atualmente: o advogado servindo o próprio Direito. Mas quando a gente pensa que o advogado vem para servir a sociedade, um conjunto de estabilidade social, a gente vê que a atividade do advogado, além de importante, é riquíssima e ela é fundamental enquanto estivermos entre seres humanos. E mais: enquanto estivermos entre seres humanos interagindo com máquinas”, completa Piva.

Ouça o episódio na íntegra aqui.

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