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Precisamos falar sobre o retorno de eventos jurídicos presenciais

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22 de novembro de 2022

Artigo originalmente publicado no Migalhas

O ano de 2022 foi marcado pelo retorno gradativo de eventos presenciais, após hiato de mais de dois anos, ocasionado pelo coronavírus. Megaestruturas e produções milionárias, como Rock In Rio e Lollapalooza, retornaram as atividades no Brasil, o que foi visto com otimismo pela Associação de Marketing Promocional (AMPRO).

Com o retorno dos eventos presenciais, algo que movimenta em torno de 930 bilhões anualmente, segundo a AMPRO, outro fenômeno em ascensão retornou: os eventos jurídicos presenciais.

Após mais de dois anos de evento online, com a adaptação e consagração do formato de webinars, os eventos presenciais finalmente retornaram. Porém, muito precisa ser melhorado nessas reuniões, e, talvez, esse retorno pode ser o momento ideal para uma revisão.

Abaixo listo três pontos que servem de reflexão para organizadores de eventos jurídicos:

1 – Comunicação

A comunicação é um dos principais pontos a ser discutido, se tratando de eventos jurídicos. Muito se fala sobre Visual Law e sobre o papel da comunicação visual na advocacia em geral, sobretudo nos últimos anos. Contudo, parte significativa das apresentações jurídicas em eventos, não utilizam ferramentas visuais para tornar a palestra ainda mais compreensível.

Outro ponto de atenção fundamental em um cenário de comunicação ágil, é a comunicação verbal. Ainda que o evento seja voltado a um público que entende sobre assuntos jurídicos, em suma maioria, há outros convidados. Ou seja, é preciso romper o “juridiquês” empregado em palestras e tornar a apresentação o mais acessível possível para que todos entendam.

Ainda no âmbito da comunicação verbal, é importante que a narrativa seja inclusiva. A formalidade de forma alguma pode ser associada com um discurso de exclusão, portanto é imprescindível entender que o público presente é diverso.

2 – Apresentações longas

A tecnologia nos trouxe uma taxa de resposta mais célere às nossas buscas. O que em outro momento levaríamos dias buscando, hoje através de dois cliques podemos encontrar. Essa velocidade é ótima, porém é necessário se adequar a ela também para que a apresentação não se torne muito extensa.

A comunicação mais veloz, ocasionada pelo avanço tecnológico, somada ao momento de pandemia enfrentado pelo mundo, tornou a sociedade mais ansiosa, segundo especialistas. Com isso, inconscientemente, a população se tornou mais impaciente.

Nesse contexto, é importante que a apresentação seja concisa, para manter a atenção do público presente em eventos jurídicos. Palestras muito extensas podem ter a sua narrativa defasada e se torna mais difícil ter a atenção integralmente de quem estiver presente.

3 – Repetição de convidados

De acordo com a Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), há cerca de 1,3 milhão de advogados exercendo a atividade regularmente no Brasil. O que nos traz uma média de um advogado para cada 164 brasileiros, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

É compreensível que alguns eventos repitam, anualmente, alguns palestrantes. Ainda assim, é necessário que haja uma variação acerca dos convidados. Com o surgimento de novos nomes, a amplitude de temas pode ser maior, os assuntos podem ser mais diversos e as palestras mais interessantes.

Há algumas “figurinhas repetidas” em todo evento jurídico. Isso pode ser ótimo também, se elas estão presentes em todos os eventos, pode significar que o conteúdo apresentado é bom. Entretanto, os eventos não podem limitar-se aos mesmos personagens que, em algumas ocasiões, por estarem em uma zona de conforto, não se atentam em alterar a palestra e trazer conteúdos inovadores.

É válido lembrar que eventos jurídicos, obviamente, têm uma projeção menor que os megafestivais musicais. Entretanto, isso não faz com que a atenção e os cuidados com o evento sejam menores. Os eventos permanecem sendo ótimos agregadores de conhecimentos, trocas e, claro, networking.

Por isso, é preciso estar atento, acompanhar as novas tecnologias, as novas discussões e se reinventar a cada novo evento. Oferecer o protagonismo, também, aos novos players jurídicos – não só advogados – pode trazer discussões modernas e fazer com que o cenário jurídico esteja em constante evolução.

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