Infelizmente, a acessibilidade digital ainda está muito aquém do necessário. Apesar de 24% da população brasileira possuir algum tipo de deficiência (IBGE), uma pesquisa da BigData Corp aponta que apenas 0,46% dos sites na internet podem ser considerados acessíveis.
Contudo, devido a ascensão dos conceitos ESG e da preocupação do público com o posicionamento das marcas em questões sociais, é possível imaginar que essa situação terá uma evolução em breve. Isso porque a abordagem inclusiva não apenas permite que as empresas cumpram com a sua responsabilidade social, mas também ajuda na construção de uma marca forte.
O que é acessibilidade digital?
A acessibilidade digital consiste na construção de espaços e conteúdos online que sejam acessíveis a diversos grupos.
Assim, o World Wide Web Consortium (W3C) determina que, para serem acessíveis, os conteúdos devem considerar:
- A possibilidade de ser apresentado em formatos diferentes sem que nenhuma informação relevante se perca;
- A facilidade de navegação e localização de informações;
- O tempo de leitura ou consumo do conteúdo; e
- A legibilidade dos textos.
Para isso, é importante conhecer as práticas recomendadas e as ferramentas que podem auxiliar na construção de conteúdos digitais acessível.
Quais são as boas práticas?
Conheça as tecnologias assistivas: pessoas com deficiência contam com o apoio da tecnologia para navegar na internet. De softwares de leitura de tela a ferramentas de tradução do conteúdo para a Língua Brasileira de Sinais (Libras), conhecer essas ferramentas é essencial para publicar conteúdos que facilitem a sua execução.
Considere investir em recursos assistivos próprios: alguns sites oferecem a possibilidade de ouvir o conteúdo escrito; outros espaços fornecem a transcrição de áudios e vídeos. Ter como padrão a oferta desses recursos pode ser um grande diferencial de comunicação.
Seja multiplataforma: apresentar um mesmo conteúdo em formato de e-book e de podcast, por exemplo, pode garantir que a informação será transmitida com qualidade a diferentes grupos – que poderão escolher o formato que preferem consumir.
Sempre coloque descrição nas imagens: com esse recurso, tanto uma pessoa com dificuldade visual quanto alguém com problemas de conexão de internet, por exemplo, podem entender o conteúdo mesmo quando a imagem não for visível. Essa é uma prática recomendada para todos os espaços da internet, incluindo redes sociais.
Inclua legendas e interpretações nos vídeos: as legendas e transcrições são indispensáveis para os vídeos. Contudo, é importante lembrar que o português não é a primeira língua de uma pessoa com deficiência auditiva. Por esse motivo, uma janela de intérprete de Libras nos vídeos seria a iniciativa ideal para garantir a acessibilidade.
Tenha cuidado com a diagramação dos textos: existem diferentes níveis de deficiências que podem dificultar o acesso à internet e o consumo de conteúdos digitais. Assim, por padrão, busque publicar textos que utilizem:
- Fonte sem serifa;
- Alinhamento à esquerda;
- Links com indicação clara (para os aplicativos de leitura de tela); e
- Tópicos e subtópicos com títulos simples.
A acessibilidade digital é uma jornada fundamental para inclusão, que enfrenta desafios consideráveis apesar do progresso.
Alcançar esse objetivo demanda um esforço coletivo e consciente da comunidade digital, incluindo escritórios de advocacia e outras entidades jurídicas. Esses têm ainda uma responsabilidade ampliada, pois o acesso às informações jurídicas contribui para a democratização.
Adotando as práticas recomendadas, as bancas podem colaborar no atendimento das necessidades específicas de diferentes grupos, garantir que a informação seja acessível a todos e promover uma internet mais inclusiva e igualitária.